10/06/13

Como fazer política


«Ninguém é mais escravo do que aquele que considera ser livre sem o ser» (Goethe).

Saber fazer política apenas é dispensável para quem aceite como projecto de vida a escravidão.

Felizmente fazer política é a coisa mais fácil do mundo. Não carece de cursos de especialização nem de uma vida inteira de estudo e investigação, ao contrário do que acontece com a economia, a física quântica, a criação cinematográfica e muitas outras actividades altamente especializadas. Fazer política é talvez o acto mais simples do mundo para quem viva num ambiente social denso. Diria mesmo que fazer boa política corre o risco de ser mais simples do que fazer bom sexo.

06/06/13

A teoria do valor, o mijo e a CML


Sai actualmente mais caro mijar para os esgotos de Lisboa, do que beber o copo de água que gera o mijo.

Seria isto um magnífico exemplo da teoria do valor acrescentado pelo labor humano, não se desse o caso de não o ser. É, na verdade, um magnífico exemplo do banditismo da Câmara Municipal de Lisboa (CML), que inventou 5 (cinco) impostos de saneamento sobrepostos ao consumo de água propriamente dito (para além de outros que não vêm ao caso).

04/06/13

Um país de capados e excisadas


Um dos fenómenos mais fascinantes da História é a forma imprevista como por vezes uma minúscula faísca, aparentemente débil e insignificante, pode incendiar a movimentação popular, provocando uma viragem dos acontecimentos. O papel destas humildes fagulhas repete-se invariavelmente ao longo da História, em todos os continentes, desconcertando os teóricos, políticos, agitadores e revolucionários que em vão tentaram, durante anos, despertar a combatividade popular. E de repente, sem razão aparente, à margem dos tutores da política, o milagre acontece!

Apesar da imprevisibilidade deste tipo de acontecimentos, uma análise rápida dessas «faíscas» permite-nos compreender porque se transformaram elas em incêndios generalizados; permite-nos até perceber quando pode ou quando «deveria» ter acontecido.

E uma análise atenta e honesta dos tutores da política talvez nos permita compreender também porque não aconteceu antes esse milagre.

Heloísa e Abelardo, traídos pelos seus próprios tutores depois de terem vivido uma história de amor cuja paixão incendiária subverteu todas as normas vigentes e inspirou 9 séculos de romance e imaginação erótica, resignam-se a passar o resto das suas vidas enclausurados, cada um no seu mosteiro, trocando durante 20 anos pacíficas cartas filosóficas. À distância de um milénio, há nisto um quase prenúncio da quietude dos portugueses após uma história de paixão intensa (o 25 de Abril), seguida da traição abjecta com que os seus tutores os mutilaram. Para toda a vida, como fizeram a Abelardo?