«ultrapassado o limite do ultraje, toda a violência é legítima autodefesa»
«Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa: salvar a humanidade.» - Almada Negreiros
25/05/14
24/05/14
A sede de memória e o Aqueduto das Águas Livres
Memórias colectivas há-as muitas e de muitos
géneros. Da que vamos aqui falar, é da dos explorados e oprimidos.
A memória colectiva é a alma mater
da acção eficaz.
Sem memória colectiva não existe resistência. Pode haver fúria
momentânea, actos de raiva
ou qualquer outra expressão
emocional da frustração e da dor, mas não existe revolta (no
sentido camusiano) nem resistência. A memória colectiva não se
confunde com a memória individual nem pode ser substituída por
esta; tem uma vida própria, um corpo próprio, métodos específicos
de construção e conservação. O corpo da memória colectiva são
os movimentos sociais: os sindicatos, as associações de bairro, as
comissões de trabalhadores, as bibliotecas, tertúlias e escolas
populares, etc. Mortos estes corpos, morre a memória.
Dito de outro
modo: não existe memória
colectiva sem organização. A memória desorganizada é uma falsa
memória; é um conjunto caótico de dados fortuitos, que remetem
para manifestações meramente
emocionais, quando
não para a inanição, sem
conseguirem
gerar resistência e revolta. A
evidente incapacidade das populações, em Portugal, para fazerem
frente aos
abusos
de poder de que estão a ser vítimas radica precisamente aí: na
morte clínica da organização
autónoma e de classe – logo, no estertor da memória
colectiva.
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