Uma das coisas mais perigosas em que podemos tropeçar é uma pessoa bronca que tenha a possibilidade de exercer alguma influência na nossa vida. As desgraças daí resultantes serão tanto maiores quanto mais enérgica for a bronquice.
É fácil confundir uma pessoa bronca e cheia de energia com alguém medianamente inteligente e fiável. Por defeito de cultura (pelo menos a ocidental), a iniciativa esfuziante ou frenética pode semelhar a inteligência. Um – ou uma, em bom português o género é indistinto na falta de marcador1 –, um bronco mole, sem iniciativa, corresponde com facilidade ao estereótipo da bronquice, pondo-nos logo alerta. Mas o chavasco ágil, dinâmico, por vezes ambicioso, voluntarista, finta com facilidade as primeiras impressões de quem esteja menos atento. E de repente é tarde – deixámos a bronquice entrar na nossa vida, no nosso ambiente de trabalho, na nossa intimidade, e ela revela-se uma lapa, não há forma de nos livrarmos.