O burburinho levantado pelos cartazes de André Ventura na campanha eleitoral para as presidenciais não releva de qualquer conteúdo excepcional dos ditos cartazes, não é nem mais ofensivo nem mais agressivo que seu costume ao longo dos anos.
Há muito tempo que André Ventura apresenta este tipo de agressividade, violência, ódio e comportamento ofensivo. Sempre contra os mesmos grupos sociais. É uma monomania em roda livre, uma disfuncionalidade metonímica que transforma qualquer caso individual em generalidades abstrusas – os ciganos são isto, os paquistaneses aquilo, os homossexuais aqueloutro. Ao longo de semanas, meses e anos, a agressividade alarve de Ventura bate sempre na mesma tecla, é um piano desdentado com monótona regularidade monomaníaca – nada de novo por esse lado.
Infelizmente, esta insanidade mental, à semelhança de todas as insanidades mentais, de todas as disfuncionalidades comportamentais e cognitivas, é contagiosa – o riso, o choro e a loucura são extremamente contagiosos e estão a tomar conta da população em geral, não porque ele seja próximo de nós, mas graças à projecção mediática de que ele goza. Isso está bem à vista no dia-a-dia, no comportamento e na construção frásica de cada vez mais portugueses. Por isso vai sendo tempo, penso eu, de tomarmos medidas correctivas, em nome da sanidade colectiva.
Ora, como se explica o comportamento obsessivo-agressivo constante de Ventura? À primeira vista poderia ser um problema de cultura individual ou familiar; mas se assim fosse, num sujeito com estudos e posto perante o contraditório permanente, por certo o próprio já teria corrigido esse comportamento disparatado. Resta por conseguinte a hipótese do desarranjo hormonal, contra o qual o próprio doente não pode lutar por vontade própria e sem intervenção externa. Temos pois de ajudá-lo.
Sendo bem possível que um dia destes ele consiga fazer aprovar na Assembleia da República uma lei de castramento químico, devemos preparar-nos para introduzir na proposta de lei emendas que permitam aplicá-la a vários tipos de casos – nomeadamente o do próprio Ventura, cujas gónadas parecem estar a levá-lo à loucura.
Por mim, entre o tratamento químico e o tratamento físico, venha o diabo e escolha. Mas visto que o próprio Ventura parece achar o tratamento químico mais civilizado, menos bárbaro que o físico, ponhamos a faca de lado e administremos-lhe a pílula.
