«Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa: salvar a humanidade.» - Almada Negreiros
29/01/14
12/01/14
Acreditas nos OVNIS?
Já tive de responder tantas vezes ao longo da vida a esta pergunta, que vou simplificar as coisas escrevendo a resposta duma vez por todas nesta página, onde os curiosos acerca das minhas crenças poderão encontrar a devida explicação, poupando-me a maiores gastos de tempo e energia.
03/01/14
Quem não sabe da metodologia e dos princípios não devia armar-se em docente do ensino superior
Um artigo
de Mário Branco sobre o direito ao trabalho deu-me volta ao
estômago. O que me provoca engulhos em «Direito ao Trabalho (4ª
parte)» é sobretudo (porque muito mais haveria a apontar) o
seguinte:
- A ideia de que vivemos numa sociedade livre, e de que a liberdade pode ser definida em função da liberdade de votar, de ser eleitor e de pedir responsabilidades aos eleitos (no acto eleitoral seguinte, supõe-se).
- A ideia de que todo o cidadão é culpado até prova em contrário.
- A ideia de que o trabalho é, e deve continuar a ser, um importante factor de socialização, aprendizagem e disciplinamento social.
Sobre o primeiro ponto não vou deter-me desta
feita. Nos dois pontos seguintes reside a causa principal do meu
enojamento, e é aí que quero centrar-me.
Bolas para a causalidade
Maravilhosa associação, bolas para a associação
O cérebro humano nasce com uma espécie de
hardware de
origem que dá pelo nome de
associação. Esta
capacidade
de estabelecer associações
entre diferentes objectos é
emulada
em certas
linguagem de programação (por exemplo em Smalltalk) por uma função
que dá precisamente pelo nome de «association»
e que é representada da seguinte forma: chave → valor.
Ou seja, a uma determinada chave/apontador corresponde um outro
objecto.
Estas associações, por sua vez, agrupam-se em grandes conjuntos
para formar aquilo que se chama,
na linguagem de
Smalltalk – tal como na
linguagem corrente – , um
dicionário.
É claro que o
cérebro humano funciona de modo muito mais sofisticado que o
Smalltalk, mas o princípio
fundamental é
o mesmo: o
estabelecimento de
ligações permanentes entre
objectos (ou representações desses objectos), criando entre eles
canais que permitem encontrar
um por intermédio
do outro e enviar mensagens de um para outro.
Esta
habilidade basilar
permite fazer maravilhas,
a começar pela fala, que
estabelece
uma ligação permanente entre um som
e um objecto.
À
partida não tem de haver nenhuma relação –
lógica ou outra – entre os
objectos duma associação;
é o nosso cérebro que a estabelece casualmente,
e se necessário contra toda a lógica. Na
verdade, para que haja uma associação verdadeira é necessário que
ambos os objectos sejam distintos e autónomos.
Aqui deparamo-nos
com o primeiro perigo, ligeiramente
demencial: começarmos a
confundir a chave com o objecto que lhe
está associado. É assim que
certas pessoas (seja por ignorância, seja por um mau funcionamento
qualquer do seu hardware)
rompem a autonomia que deve
existir entre a palavra e o objecto que ela designa,
começando
a baralhar e intermutar as
respectivas propriedades dos
objectos, numa reacção de
associações em cadeia –
o verde adquire o valor da esperança, o Emanuel adquire qualquer
coisa de divino, Vénus adquire mamilos e, sabe-se lá porquê,
talvez por simples associação sonora, a vizinha Vanessa torna-se
desejável e boa como o milho.
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