Outro sujeito, cujo nome não recordo agora mas que detém a suma responsabilidade de editar e dirigir a informação na TVI, acorre de seguida em sintonia, choramingando a falta de civismo dos estudantes que mandam calar sua altíssima excelentíssima senhoria o sr. ministro.
Mas... há aqui qualquer coisa que não bate certo.
Recordemos que falamos do Miguel Relvas que, ao contrário dos estudantes, fala na TV quando quer, às horas que quer, as vezes que quer; que manda despedir e amordaçar jornalistas; que forja, compra e exibe diplomas académicos e depois vai botar discurso às escolas com a autoridade que lhe conferem os ditos diplomas; que espia telefonemas e dados privados dos portugueses, dos amigos e dos inimigos, qual Silva Pais; que manda bater em pacíficos manifestantes, incluindo avozinhas; que manda encarcerar e maltratar jovens que iam simplesmente a passear na avenida à beira-rio; que... Sim, é desse mesmo Relvas que fala o consternado director de informação da TVI.
Os estudantes do ISCTE, que têm de dar no duro durante vários anos para obter uma qualificação académica e profissional, não podendo comprar uma nos saldos como fez o ministro Relvas, decidiram na sua casa, na sua escola, não lhe dar o direito à palavra. Parecer-me-ia uma falta de respeito se o ministro Relvas, isso sim, tivesse tomado à força a palavra na casa dos estudantes, perante a oposição destes. Pelo contrário, não vejo qualquer falha democrática ou cívica no facto de os estudantes, na sua própria casa, dizerem ao sr. Relvas que não o querem ali, que desande, que vá botar faladura para outro sítio qualquer. Dá-me até bastante gosto e optimismo ver os estudantes de agora afirmarem frontalmente a sua opinião, em vez de imitarem a sabujice de outrora de Augusto Santos Silva ou do director da TVI.
Felizmente o telejornal da TVI não acabou logo ali, dando-nos uma excelente oportunidade de decifrar a hipocrisia do seu director. Logo a seguir, com toda a liberdade de informação que lhe assiste, a TVI apresenta uma peça em que uma escritora inglesa qualquer vocifera repetidamente, durante vários minutos e em horário nobre, que uma outra celebridade qualquer (creio que é uma princesa inglesa ou coisa que o valha) é obscenamente esquelética, estúpida, inútil, pateta, apenas serve para parir (!); que se não fossem "os trapinhos que lhe põem em cima" daria vómitos só de olhar para ela - enfim, um enxovalho, ou acerto de contas pessoal, uma peixeirada sem qualquer interesse público, mas que o sr. director da TVI apresenta com orgulho, precisamente por representar a liberdade de informação obscenamente elevada ao absurdo extremo.
Mas então esta gente, estes ministros, estes ex-ministros, estes directores de "informação", nunca mais ganham vergonha na cara? Nunca mais acaba este folclore?
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