17/02/18

Polícia moral on-line

Pessoalmente não sou frequentador do Facebook. Em contrapartida participo em rodas de amigos que, por sua vez, são frequentadores do Facebook. Por essa via inteirei-me de várias polémicas que têm circulado nas redes sociais a propósito da vaga de censura puritana que grassa por aí.

14/02/18

Novo anedotário neoliberal (2)

todos os dias em horário nobre, num televisor perto de si


Este artigo continua uma série onde já tratei do problema da automação, modernização e robotização do trabalho, no quadro da crítica à campanha neoliberal que pretende justificar o desemprego massivo e a precarização do trabalho com uma suposta transformação radical da sociedade e do processo produtivo. Abordo agora outro aspecto dessa campanha: a concorrência no mercado internacional de trabalho e a «flexibilização» das leis laborais.1

13/02/18

Novo anedotário neoliberal (1)

todos os dias em horário nobre, num televisor perto de si


Está em curso uma nova campanha que visa demonstrar a necessidade de reduzir os direitos de quem trabalha e emagrecer (ou «flexibilizar», como se diz por aí) a legislação laboral. Os temas centrais desta campanha são: 1) a automação, modernização e robotização do trabalho; 2) a concorrência no mercado internacional. Não é certamente por acaso que os noticiários, debates televisivos e tribunas de opinião, congressos, encontros mundiais, conferências, insistem obsessivamente em trazer à baila, a propósito de tudo e de nada, esses temas. Trata-se obviamente de uma campanha bem orquestrada, com ramificações jornalísticas, académicas e políticas. O seu objectivo é justificar a precarização do trabalho e desmantelar as protecções e os direitos dos trabalhadores.
 
Abordarei os dois temas em vários artigos, começando pela robotização.

06/02/18

Caquexia, homeostasia e damásia


Quantos me conhecem de muito perto sabem da minha repugnância – vá, digamos, da minha desconfiança – pela filosofia em geral. Esta atitude é tão vincada desde a minha juventude que, ao deparar-me com a disciplina de filosofia na escola, sem a qual não poderia progredir nos estudos, decidi abandoná-los de vez – antes a ignorância que a cadeira de Filosofia, tal foi o meu grito. Esta teima tem um senão: como quase nunca tive pachorra para sofrer até ao fim esses marcos do pensamento ocidental (e bem assim os do oriental), não me encontro em condições de fazer uma crítica sistemática às respectivas obras. Aliás não creio que ela vos faça falta.
  
Em todo o caso sou capaz de vos apontar muito sinteticamente o busílis da questão, do meu ponto de vista: de modo geral as obras filosóficas consistem em má poesia; têm quase tudo da poesia, em quase tudo são poesia, excepto no que diz respeito à qualidade literária ou poética e ao elevado discernimento inerente à boa poesia. Em suma, na sua esmagadora maioria os filósofos consagrados são maus poetas que, por vergonha, se mascararam de mestres da lógica; mas que também nisso não são grande espingarda.

11/01/18

Considerações sobre a inteligência artificial

Está na berra falar de inteligência artificial e até num paraíso do futuro onde as máquinas inteligentes tratariam da nossa vidinha, podendo nós simplesmente repousar à sombra da bananeira e suspender o trabalho esgotante da nossa própria inteligência. Deixo aqui alguns reparos a esse propósito, juntamente com uma homenagem final a Isaac Asimov.
 
Comecemos por umas quantas pérolas de tautologia colhidas na Wikipedia:

02/11/17

Estava a Economia posta em repouso, veio o Joãozinho e papou-a

Para bom entendimento de alguns artigos que ficaram para trás e doutros que virão adiante, apresento alguns esclarecimentos sobre o conceito de economia.

31/10/17

Balanço da 5ª Cimeira por um Plano B para a Europa

Realizou-se em Lisboa, no fim de semana de 21-22/Outubro/2017, o 5º encontro internacional por um Plano B para a Europa. Trata-se duma iniciativa ainda pouco divulgada mas que interessa à generalidade das populações europeias, por isso tentarei explicar do que se trata e fazer um balanço da situação – um balanço parcelar e abreviado, que deve ser entendido como uma impressão subjectiva, por não ter sido discutido em nenhum colectivo.

09/10/17

Dois inimigos juramentados: legalismo e autodeterminação


O referendo independentista catalão tem sido tratado em moldes legalistas e institucionais pela maioria dos comentadores. Ora o cerne da questão não é jurídico, constitucional ou institucional, mas sim histórico e político. Adiante tentarei elucidar o que isto significa.
Vemos jornalistas, comentadores – nomeadamente escritoras de renome –, com assento permanente nos púlpitos televisivos, afirmarem coisas como: se nos pomos agora a permitir que todas as populações com remotas razões históricas reivindiquem a independência, qualquer dia temos os Algarves, a Madeira e os Açores a pedirem a independência. O grau de disparate deste tipo de afirmações é confrangedor.